Reflexos da crise: Uma das maiores indústrias do material plástico de Santa Catarina fecha as portas em Chapecó

Reflexos da crise: Uma das maiores indústrias do material plástico de Santa Catarina fecha as portas em Chapecó

2 de junho de 2016 Off Por José Carlos de Linhares



  • Após 29 anos a Canguru encerra as atividades deixando 100 trabalhadores desempregados

    Chapecó (2.6.2016) – A quarta-feira, 1º de junho, foi o último o dia de trabalho da Canguru Embalagens, unidade de Chapecó. Nesta quinta (2) os trabalhadores ocuparam o pátio da empresa para ouvirem que a produção estava definitivamente encerrada. Expressão de incredulidade e tristeza marcava o sério e preocupado semblante de cada profissional ao ver a empresa “morrer”. De bom somente o compromisso dos diretores de retomarem as atividades, no máximo, em dois anos.

    A Canguru Embalagens enfrentava dificuldades já a cerca de cinco anos, agravadas nos últimos oito meses. “Não foi mais possível manter a produção diante de elevados prejuízos mensais”, lamentou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Material Plásticos de Chapecó – Stimpc, Vilson Silveira. O hoje dirigente sindical foi o primeiro funcionário da empresa. A contratação ocorreu no dia 2 de janeiro de 1987, 110 dias antes da inauguração da empresa em 22 de abril do mesmo ano. “O que fica é um sentimento de muita tristeza, angústia e frustração por de ver o empreendimento ruir”, disse.

    Depois de quase três décadas, a tradicional e uma das principais empresas do setor em Santa Catarina, com matriz em Criciúma, decidiu parar de produzir em Chapecó. Sentiu violentamente o baque provocado pela crise da economia nacional. A centena de funcionários em processo de rescisão de contrato e com média de 20 anos de trabalho, amplia a lista de desempregados no país que se aproxima aos 12 milhões. Os trabalhadores não sabem o que fazer. Com 27 anos dedicados a empresa, Celso Fernandes da Luz está desorientado. “Foi uma vida aqui dentro. Agora não sei o rumo a tomar. A ficha ainda não caiu”, expôs.

    No ápice produtivo a Canguru de Chapecó empregava mais de 240 trabalhadores, com produção mensal de 250 toneladas de embalagens, destinadas principalmente à indústria frigorífica. A queda foi drástica nos últimos meses. Em maio, por exemplo, foram produzidas apenas 24 toneladas, 10% do que gerava em seu auge. A informação alentadora e de esperança transmitida, é o compromisso de retomada das atividades em 24 meses. Isso ocorrendo, os atuais funcionários terão prioridade na contratação.

    Procedimento funcional – Com dois meses de salários em atraso, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS não depositado e férias a receber, os trabalhadores aprovaram proposta para alguns acertos imediatos. Parte do salário de abril será pago nesta sexta-feira (3) e o restante na quarta, dia 8. A folha de maio será quitada entre os dias 20 e 25 de julho. Caso os prazos sejam descumpridos será cobrada multa de 30% sobre os valores devidos. O sindicato garantiu o pagamento integral de todos os créditos e já ajuizou ações de cobrança na Justiça do Trabalho com audiência marcada para esta segunda-feira, dia 6.

    Silveira explicou que as rescisões dos contratos de trabalho contemplarão todos os direitos dos trabalhadores. As verbas rescisórias serão pagas parceladamente e conforme o valor do salário. O prazo estabelecido ficou entre quatro meses (para salários menores) a 21 meses aos que possuíam renda mensal mais elevada. A empresa se comprometeu em dez dias apresentar os espelhos das rescisões contratuais com o respectivo valor devido a cada trabalhador. Após, nova assembleia será realizada para aprovação da categoria. A ação de cobrança vai ser coletiva com intermediação da justiça especializada. A empresa deixa um imóvel como garantia de pagamento dos direitos dos trabalhadores.
    – – – – –
    Foto: Em assembleia os trabalhadores aprovaram a proposta de pagamento das rescisões
    – – – – –
    Assessoria de Imprensa Stimpc