Ex-presidente do INSS é preso em operação da PF em 15 estados, incluindo SC

Ex-presidente do INSS é preso em operação da PF em 15 estados, incluindo SC

14 de novembro de 2025 Off Por Editor



  • Servidor público comandou o órgão entre 2023 e 2025, em meio a investigações sobre fraudes, e foi preso nesta quinta-feira, 13

    A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram, ontem quinta-feira (13), uma nova fase da Operação Sem Desconto, que apura um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões. Santa Catarina está entre os estados com ações policiais, ao lado de outras 15 unidades da federação e do Distrito Federal. De acordo com as investigações, o grupo criminoso atuava inserindo dados falsos em sistemas oficiais para promover descontos indevidos nos benefícios de aposentados e pensionistas, sem o consentimento das vítimas. Entre os crimes investigados estão inserção de dados falsos, estelionato previdenciário, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e ocultação de patrimônio. Ao todo, foram cumpridos 63 mandados de busca e apreensão e 10 mandados de prisão preventiva, além de outras medidas cautelares. As ações ocorreram nos estados do Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e no Distrito Federal. Em Santa Catarina, os mandados foram cumpridos em Capivari de Baixo, no Sul do estado. Segundo a CGU, as investigações apontam que servidores e intermediários teriam atuado para registrar, de forma irregular, associações inexistentes ou sem vínculo com os beneficiários, permitindo que valores fossem descontados mensalmente dos pagamentos de aposentados e pensionistas do INSS. A Ouvidoria-Geral da União (OGU) reforça que denúncias sobre o caso podem ser feitas por meio da plataforma Fala.BR (falabr.cgu.gov.br). As comunicações podem ser anônimas, bastando selecionar o tema “Operações CGU” e indicar o nome da operação e o estado onde houve a ação policial. O ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Alessandro Stefanutto foi preso nessa operação da Polícia Federal (PF) contra o esquema que fraudou milhares de aposentadorias, pensões e benefícios. À frente do órgão desde 2023, ele sofreu exoneração em 2025, depois que os casos vieram à tona. Em outubro de 2025, Stefanutto prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. Ele defendeu sua atuação no comando do instituto e afirmou ter tomado “muitas providências”, embora talvez não as que a “Controladoria-Geral da União queria”. Em nota, os advogados de Stefanutto afirmaram que não tiveram acesso à decisão judicial que determinou a prisão do ex-presidente. “Trata-se de uma prisão completamente ilegal, uma vez que Stefanutto não tem causado nenhum tipo de embaraço à apuração, colaborando desde o início com o trabalho de investigação”, diz o texto.

    Carreira de Alessandro Stefanutto

    Stefanutto é procurador federal e servidor de carreira. Ele assumiu a presidência do INSS depois de atuar como procurador-geral do órgão entre 2011 e 2017. Durante sua gestão, o INSS enfrentou um aumento nas filas de requerimentos, que passaram de 1,7 milhão para mais de 2 milhões até o fim de 2024. Os números são do Boletim Estatístico da Previdência Social. Ele tem graduação em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e pós-graduação em gestão de projetos e especialista em mediação e arbitragem. Também é mestre em gestão e sistemas de seguridade social pela Universidade de Alcalá, em Madrid (Espanha). Antes de chegar à presidência do INSS, ele trabalhou no Tribunal de Justiça de São Paulo. Também atuou na Receita Federal e na Consultoria Jurídica do Ministério da Ciência e Tecnologia. Em 2021, publicou o livro “Direitos Humanos das Mulheres e o Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos”.

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