Central de Penas e Medidas Alternativas realiza III Encontro Pela Paz no Fórum de Chapecó

Central de Penas e Medidas Alternativas realiza III Encontro Pela Paz no Fórum de Chapecó

24 de setembro de 2018 Off Por Editor



  • A programação incluiu entrega de pipas, confeccionadas em papel, para detentos do regime semiaberto da Penitenciária Agrícola de Chapecó

    ​Assim como o vento leva a pipa para todos os lugares, o desejo é de que os bons ventos levem a paz para toda a humanidade. O antigo brinquedo é o símbolo da campanha desenvolvida pelo projeto De Mãos Dadas Pela Paz, idealizado pela Coordenação Estadual das Centrais de Penas e Medidas Alternativas e realizado pela Central de Penas e Medidas Alternativas de Chapecó (CPMA) e apoiado pela Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania. Desde agosto deste ano, o projeto desenvolve ações contra a violência em parceria com 136 entidades do município. Cada uma se comprometeu em realizar ações incentivadoras da paz com o tema “Quando falta educação, sobra violência”. Nessa sexta-feira, 21, para marcar o Dia Internacional da Paz, a CPMA realizou o III Encontro Pela Paz. Autoridades, colaboradores e comunidade se reuniram na escadaria externa do Fórum para celebrar a data.
    ​Ao som do repertório especial para a ocasião interpretado pela Associação Coral de Chapecó, os organizadores distribuíram material informativo, em formato de pipa, sobre o trabalho da CPMA. Duas psicólogas e duas assistentes sociais prestam atendimento às pessoas que cumprem sentença no regime aberto (trabalham normalmente, mas têm hora para estar e casa à noite e precisam se apresentar no Fórum com determinada frequência) ou que receberam medidas ou penas alternativas como prestação de serviço comunitário, medida educativa (palestras) ou que recebem um valor em dinheiro pelo Poder Judiciário. A equipe ainda conta com uma auxiliar administrativo, um motorista, uma estagiária de Direito e duas estagiárias de Serviço Social.
    A coordenadora da CPMA, Andressa Beduschi Borges da Silva, observa que o atendimento humanitário, através de uma escuta qualificada e da conversa de orientação, resulta na redução significativa da reincidência dos atendidos. “Em agosto deste ano recebemos 76 novos processos para atendimento. Destes, apenas 11 já haviam passado pela CPMA. Consideramos um bom índice diante do número de processos que tramitam na Comarca de Chapecó”, avalia. Em 2017, a Central de Penas e Medidas Alternativas da Comarca de Chapecó atendeu 10.245 pessoas – 5.800 no regime aberto e 4.445 sob medidas ou penas alternativas.

    ​Ação na Penitenciária Agrícola

    Além de acompanhar todas as ações realizadas pelos parceiros do projeto De Mãos Dadas Pela Paz, a equipe da CPMA juntou forças com o Conselho da Comunidade da Comarca de Chapecó para confeccionar e distribuir pipas brancas para 495 internos do regime semiaberto, da Penitenciária Agrícola de Chapecó. No cartão, a mensagem “Não procure à sua volta. A paz vem de dentro de você mesmo” sugeria uma reflexão sobre o passado, o momento em que cada apenado se encontra e sobre o futuro que pretendem ter.
    ​Um interno, que não quis ser identificado, disse que receber a pipa foi um gesto muito importante de carinho com eles. “As pessoas me julgam por ter cometido um erro, mas quando conversam e me conhecem, percebem que sou uma pessoa do bem. Sempre falo para meus colegas que não posso ajudar, pelo menos não vou atrapalhar. Tenho uma profissão e preciso de uma segunda chance. Falta menos de um ano para eu conseguir a liberdade e depois que sair daqui só quero a paz”, contou o homem que foi condenado a 05 anos e 10 meses de reclusão por tráfico de drogas.
    ​O padre Adir Rodrigues é vice-presidente do Conselho da Comunidade da Comarca de Chapecó. O pároco visita mensalmente os reeducandos sempre em busca da recuperação do comportamento deles. “Se existe a violência é porque existem pessoas violentas. Falamos muito sobre o lado ruim do ser humano. Precisamos disseminar a cultura da paz e falar mais sobre isso. Quem está privado da liberdade, precisa ser tratado como ser humano. E com aqueles que eu converso, recebem muito bem a atenção empenhada e conseguem abrir o coração. Quem recebe amor, transmite e pratica amor”, ressalta Rodrigues.
    ​No de 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a Cultura da Paz para prevenir e resolver os conflitos de maneira não violenta, através da implementação de valores, atitudes e posicionamentos. E é esse conceito que a ação difunde. A programação das 136 entidades envolvidas no projeto De Mãos Dadas Pela Paz segue até o dia 30 deste mês.