Sabe aquelas tampas de inspeção que logo começam a rachar e depois ficam desniveladas? Sabe aquele solavanco no carro? Veja o que o Ministério Público em Chapecó descobriu

Sabe aquelas tampas de inspeção que logo começam a rachar e depois ficam desniveladas? Sabe aquele solavanco no carro? Veja o que o Ministério Público em Chapecó descobriu

13 de junho de 2019 Off Por Editor



  • Conforme investigação realizada pelo MPSC, em Chapecó a Casan vinha confeccionando as caixas das tampas de inspeção fora das normas técnicas. A ABNT exige uma série de precauções, para que as caixas tenham a resistência mínima necessária. Não basta jogar o concreto em cima e demarcar o espaço com cones. Termos como apiloamento, cura úmida e malha de ferro, tão comuns à engenharia, foram aprofundados pela 13ª Promotoria, que encontrou a origem de alguns dos problemas.

    Conforme a investigação, as caixas de inspeção não recebiam malha de ferro. Isso gerava a desagregação do concreto, que logo começava a se rachar.

    Outro problema encontrado é que a cura do concreto não era úmida. Para que o concreto alcance a sua resistência à compressão, são necessários 28 dias de cura, com um tempo mínimo de úmida garantida. Nas lajes construídas é fácil notar isso: as construtoras mantêm a umidade molhando diariamente o concreto. Para resolver o problema de Chapecó, a Casan acatou recomendação do MP e resolveu passar a construir as lajes na própria sede da empresa. De lá, depois de devidamente curadas à sombra e com umidade garantida é que saem para as ruas.

    Outro problema que essa técnica resolve é o do isolamento das caixas. No dia seguinte à concretagem, os veículos já passavam a circular por cima, gerando danos estruturais ao concreto. Com a construção na sede da empresa, esse problema desaparece.

    Mas não foi só isso que o MP identificou. A Casan chega a consertar até 10 vazamentos semanais em Chapecó. Para consertar um vazamento, é preciso fazer um recorte no asfalto. E, claro, depois seria o caso de consertar. Mas não é bem isso que ocorre. Depois de consertar o vazamento, a Casan deixa o buraco aberto até que a prefeitura venha consertá-lo, o que às vezes leva 30 dias. O MP identificou que foi uma opção da Prefeitura: por um contrato (que pode ser rescindido a qualquer tempo), a Prefeitura tomou para si essa responsabilidade, que seria da Casan (afinal de contas, quem faz o buraco no asfalto construído pela Prefeitura é que tem o dever de reformá-lo, e dentro das normas técnicas). O problema é que, além de o buraco ficar aberto muito tempo, a Prefeitura não tem equipe especializada para isso, e os consertos ficam muito ruins. Vejam, por exemplo, o conserto em frente do ed. Patriarca, na Condá. Aliás, uma circulada pela Condá, recentemente pavimentada, encontrará outros diversos remendos mal feitos. O MP identificou que a Casan paga à prefeitura pelo conserto, mas não fica bom. A conclusão da Promotoria é que a Prefeitura poderia rescindir o contrato e exigir da Casan que fizesse o remendo no asfalto na forma das normas da ABNT. A prefeitura assumiria o papel de fiscal da obra da Casan, com mais poderes e podendo exigir melhor qualidade. No entanto, prefere fazer os consertos por si própria. Quanto à opção da Prefeitura, por se tratar de ato discricionário, o MP cientificou o Prefeito Municipal Luciano Buligon e a Procuradoria-Geral do Município, dr. Ricardo Cavalli, para as providências cabíveis.

    Com informações MPSC