Mais de 130 caravelas-portuguesas encalham em 1 km de praia em SC

Mais de 130 caravelas-portuguesas encalham em 1 km de praia em SC

10 de fevereiro de 2020 Off Por Editor



  • Centenas de águas-vivas foram contabilizadas em diversas cidades catarinenses nos últimos dias.

    Centenas de águas-vivas encalharam nas praias do Litoral catarinense nos últimos dias. Só na Barra da Lagoa, em Florianópolis, foram contabilizadas 132 caravelas-portuguesas em um quilômetro. Em pelo menos 13 praias de diferentes cidades foram encontradas caravelas nos últimos dias, segundo os bombeiros. Nesta segunda-feira (10) o aplicativo Praia Segura dos bombeiros indicava a presença de águas vivas em 11 praias, mas não detalhava de qual espécie.

    “No monitoramento na Barra da Lagoa encontramos 132 caravelas na quinta-feira (6) e o número caiu para 76 na sexta-feira (7). No Campeche foram 53 caravelas na sexta e 41 no sábado (8), também em um trecho de um quilômetro. Pode ser que ainda tenhamos caravelas nos próximos dias, depende das condições do mar e vento”, contabilizou o professor Alberto Lindner, responsável pelo laboratório de Biodiversidade Marinha da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

    “Esse grande número de mais de 100 caravelas encalhadas em um único dia é um ponto fora da curva por conta das condições do vento e de mar que trouxe esses animais para perto da costa, algo em número muito maior do que vínhamos observando até agora”, afirma o professor.

    O laboratório, que tem parceria com outras universidades, registrou o encalhe de caravelas em Imbituba, Florianópolis, Itapema, Bombinhas, Penha, Itajaí e São Francisco do Sul nos últimos dias.

    “Existe a possibilidade de um mesmo organismo estar no segundo dia [e ser contabilizado mais de uma vez]. Como teve muita caravela, a gente foi no dia seguinte para ver se o número ia aumentar, mas diminuiu”, detalhou Lindner. A aluna da UFSC Roberta Elis Francisco, que integra a equipe de monitoramento, foi quem encontrou as águas-vivas na praia da Barra da Lagoa, no Leste da Ilha.

    Recomendações

    Segundo o tenente Douglas Tomaz Machado, do Corpo de Bombeiros Militar, as caravelas foram vistas em pelo menos 13 praias de diferentes cidades. “Houve muitos casos de águas-vivas. Até sábado teve uma média de 60 ocorrências por águas-vivas por posto. O dia que tiver bandeira rocha, recomenda-se não tomar banho e tomar cuidado. Caso haja contato com a água-viva, lavar com vinagre”, diz o tenente Douglas Tomaz Machado, do Corpo de Bombeiros Militar.

    As caravelas não são recolhidas pelos grupos de monitoramento de praias ou bombeiros e a maior parte já está sem vida quando encalha, mesmo assim pode liberar toxinas mesmo na faixa de areia.

    “A caravela portuguesa causa acidentes bem mais graves que a Chrysaora lactea, a medusa que observamos de dezembro a fevereiro, ainda tem na água. A caravela pode causar envenenamento bem mais grave. Tem que tomar muito cuidado se esses animais estiverem presentes. Se tiver uma quantidade muito grande, evitar entrar na água. O surfista, por exemplo, pode usar roupa de neoprene para proteger um pouco mais”, reforçou o biólogo da UFSC.

    Correntes e ventos

    Nos últimos dias, além da presença de caravelas portuguesas, a mudança de vento também fez com que aparecessem no Litoral catarinense o molusco conhecido por dragão azul, principal predador da caravela portuguesa.

    “Não é todo dia que acontece, mas não é incomum. Esses encalhes são por conta de vento e ondulação que trazem esses animais que normalmente ficam boiando em áreas oceânicas, longe da costa, em alto mar, para próxima da costa e eles acabam encalhando nas nossas praias. De vez em quando isso acontece”, concluiu Lindner.