Excesso de exercício faz mal ao corpo, aponta pesquisa

Excesso de exercício faz mal ao corpo, aponta pesquisa

22 de setembro de 2022 Off Por Editor



  • Quando acontece o excesso de exercício, o efeito é o contrário

    É consenso geral que praticar atividade física é uma ação benéfica para o organismo, pois proporciona bem-estar e melhoria na respiração, previne doenças cardiovasculares, fortalece o sistema imunológico, entre outros inúmeros benefícios. Porém, quando acontece o excesso de exercício, o efeito é o contrário: os órgãos ficam sobrecarregados, causando resultados negativos no corpo. É o que detalha uma pesquisa feita por cientistas das universidades estaduais de São Paulo (USP) e Campinas (Unicamp). Eles estudam há uma década os efeitos dos exercícios excessivos para os órgãos vitais do corpo humano, como coração, fígado e rins.

    A pesquisa foi divulgada no periódico internacional Cytokine, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O levantamento, que foi feito com camundongos, mostrou que certas alterações, prejudiciais, acontecem no corpo humano quando atividades físicas muito intensas são praticadas. As práticas foram realizadas com corridas no plano, na subida e na descida por oito semanas. Segundo os pesquisadores, o resultado foi decisivo: praticar exercícios em excesso, sem descanso e recuperação, traz efeitos negativos.

    “Vivemos uma realidade em que a atividade física é restrita à aparência, poucos realmente a tratam como modelo de saúde e aí é onde podemos começar a traçar as formas menos adequadas. A procura pela suposta perfeição também pode levar ao uso de substâncias exógenas que podem causar problemas renais e hepáticos ao longo do tempo”, explica Nemer Tarraf, cardiologista e professor da Faculdade Tiradentes (Fits), em Pernambuco.

    Os pesquisadores analisaram a descida: os músculos tiveram mais dificuldade em captar a glicose no sangue, que dá energia ao organismo, e os camundongos tiveram atrofia e má formação de proteína no interior da célula. O fígado, então, começou a agir na captação, sobrecarregando-o e gerando, como consequência, inflamações e gordura no órgão

    O coração também teve seu papel na captação da glicose, acumulando a substância nos seus tecidos. Como resultado, após as oito semanas de testes, o órgão apresentou fibrose, endurecimento do tecido, no ventrículo esquerdo e inflamações.

    “A atividade física deve estar intimamente ligada à percepção do indivíduo perante o conhecimento de seu corpo, seja em relação às suas limitações ou nos seus objetivos. Nossa prevalência de sedentários é elevada no Brasil, mesmo se levarmos em consideração as novas diretrizes da OMS quanto a quantidade de tempo e intensidade do exercício, ainda assim, existe uma parcela pequena de pessoas que procuram seus limites durante o esforço”, explica Nemer.

    Recomendações

    O indicado e recomendado pelos profissionais de saúde sempre será fazer atividades físicas, de acordo com a saúde e histórico de cada pessoa, mas de forma personalizada e com cuidado. O ideal é ter um período de descanso, para que os órgãos possam se recuperar adequadamente, o intervalo de repouso para atletas ou amadores costuma variar entre 24 a 48 horas

    Observar a carga, tipo e a séries de treino também é necessário, para fazer a adaptação do organismo, e, se necessário, trocar a abordagem. E claro, sempre fazer exercícios com a supervisão de um profissional de educação física, para evitar acidentes e outras complicações.

    “No esporte que vislumbra a manutenção da saúde deve ter frequência e intensidade supervisionadas, não extrapolar a capacidade física do indivíduo e manter uma constância. A musculação deve fazer parte do preparo aeróbico, não apenas como garantia de saúde e vitalidade, mas também como fator conhecido na diminuição de lesões articulares”, salientou Nemer.

    O cardiologista ainda explica que o descanso traz resultados de forma consciente e saudável. “A reabilitação traz planejamento e qualifica os objetivos, através de segmentos prospectivos, atuando de forma direta na redução de mortalidade em certos perfis de risco. O cenário ideal é realizar avaliações pré-participação em cardiologistas e ortopedistas, a fim de entender a sua real necessidade e estabelecer as suas indicações e limitações”, finalizou.