Por que aumentaram as chances de Bolsonaro vencer a eleição de virada

Por que aumentaram as chances de Bolsonaro vencer a eleição de virada

21 de outubro de 2022 Off Por Editor



  • Lula (PT) saiu do primeiro turno como favorito, mas as longas semanas até o segundo tempo das eleições presidenciais aumentaram as chances do presidente Jair Bolsonaro (PL) vencer “de virada” – ainda que, para isso, precise de pelo menos seis milhões de votos a mais. Se, matematicamente, a reviravolta já soou quase impossível, a esta altura há sinais de alerta para a campanha do PT.

    Os indicadores a favor de Bolsonaro têm aparecido nas pesquisas eleitorais que foram divulgadas nos últimos dias, que apontam uma redução da distância de votos entre o atual e o ex-presidente. Mas, mais do que isso, trazem duas boas notícias para Bolsonaro: a primeira delas é uma oscilação para baixo no índice de rejeição – que ainda é elevado, em torno de 50%, mas já foi maior.

    A queda é discreta, varia entre um e dois pontos percentuais no Datafolha e na pesquisa Ipec divulgada nesta semana. Mas a pesquisa Geniel Quaest colocou Bolsonaro com seu menor patamar de rejeição eleitoral. Quando se olha para pesquisas eleitorais de momento, mais do que os números, importam as curvas. E a da rejeição de Bolsonaro aponta para baixo.

    Outra curva que anima a campanha do presidente é a da avaliação de governo. Segundo o Datafolha, o índice de “bom e ótimo” é de 38%. Era de 37% e 31% nas duas semanas anteriores. Significa que a tendência é para cima.

    Pesa a favor de Bolsonaro a sensação de melhora na economia. Ainda que a redução do preço dos combustíveis e a deflação possam ter sido obtidas de forma artificial, com a redução de impostos – temporária, no caso dos tributos federais – o efeito que a equipe econômica desejava foi obtido. Isso enfraqueceu o discurso do ex-presidente Lula, que apostava na economia como indutor de votos.

    Motivado, Bolsonaro aposta tudo na reeleição e toda a equipe está mobilizada pela campanha – inclusive com um pacote eleitoreiro de benesses, à revelia da legislação eleitoral. Enquanto o PT, mesmo depois de um solavanco no primeiro turno, com um resultado mais apertado do que esperava, continua sendo pautado pelo bolsonarismo.

    No segundo turno, Lula decidiu fazer o jogo de Bolsonaro e entrou na pauta de costumes, um terreno que o adversário domina – e onde a esquerda patina. As tentativas de atingir a imagem de Bolsonaro nesse setor, usando a história do “pintou um clima”, não fizeram efeito na intenção de votos e consumiram tempo e esforço de campanha. Paralelo a isso, o PT tem dificuldades com a eficiente fábrica de fake news bolsonaristas, de onde saem histórias como a dos “banheiros unissex” e do “fechamento de igrejas”.

    Nos últimos dias, a propaganda do PL invadiu de forma insistente a internet (quem não viu uma propaganda de Bolsonaro saltar na tela do computador ou do celular que atire a primeira pedra) enquanto o PT partiu para a guerra judicial, que lhe rendeu um revés – conseguiu, a princípio, retirar minutos preciosos da campanha de Bolsonaro na TV. Mas a vantagem foi desfeita por uma nova decisão da Justiça Eleitoral.

    A nove dias das eleições, o resultado do dia 30 de outubro nunca foi tão incerto. Lula segue com a vantagem dos números e da diferença de votos. Mas uma vitória de Bolsonaro não será surpreendente.

    Com informações Dagmara Spautz – NSC Total