O Brasil tem jeito? Populismo é a principal barreira para o desenvolvimento do país

O Brasil tem jeito? Populismo é a principal barreira para o desenvolvimento do país

8 de março de 2023 Off Por Editor



  • Populismo é um fenômeno que destrói o futuro das sociedades.

    Existiria frase mais clichê sobre o Brasil do que a tão famosa “o Brasil é o país do futuro”? Trata-se de um chavão, mas que expressa uma desafortunada realidade para o nosso país. Possuímos um extenso território, uma das maiores populações do mundo, áreas agricultáveis, riquezas minerais e biológicas, um povo criativo, entre outras características únicas que nos permitiriam alcançar a condição de uma grande nação. No entanto, o Brasil tem fracassado miseravelmente nas últimas quatro décadas em se libertar dos agentes do atraso e seguir sua vocação de ser uma das grandes potências do mundo. Ainda pior, muitos progressos institucionais conquistados pelos brasileiros vêm sendo anulados rapidamente — e, aliás, sem grande resistência — pelo atual governo e outros agentes da burocracia estatal. Diante desse cenário, é possível acreditar no futuro do Brasil?

    A lanterna na popa, livro de memórias de Roberto Campos, pode ser o ponto de partida para compreendermos se devemos acreditar, ou não, no futuro do Brasil. Afinal de contas, o livro, além de permitir que o leitor conheça a história de um dos mais importantes homens públicos do país, também é uma leitura indispensável para se entender melhor o desenvolvimento político e econômico brasileiro no século XX. Apesar de ser uma grande obra — considerando que se trata de um best-seller com “apenas” 1460 páginas —, Campos demonstra um tom muito pessimista em relação às conquistas de sua geração.

    Campos, por exemplo, termina seu livro com um tom lôbrego: “Minha geração falhou na tarefa de fazer do futuro o presente, lançando o país numa trajetória de progresso sustentado, sem inaceitáveis desníveis de renda e oportunidades. Neste crepúsculo de vida não posso senão ver o facho passar às novas gerações, na esperança que alcancemos algum dia a visão pisgah da Terra Prometida, onde os bons encontrarão recompensa, os maus não mais poderão fazer o mal, e os cansados, afinal encontrarão descanso… Infelizmente, a minha ‘lanterna na popa’ só ilumina as ondas passadas…”

    Desafortunadamente, as mazelas sociais e econômicas que Campos retratou em 1994 ainda estão presentes no nosso país. Seguimos sendo um país com um Estado rico, mas um povo pobre. Fica a questão: o subdesenvolvimento será o nosso destino? Tudo leva a crer que sim, caso mantenhamos o rumo do populismo, que assombra toda a América Latina.

    Populismo e o Brasil

    O populismo é um fenômeno que destrói o futuro das sociedades. Em essência, os líderes populistas são demagogos que aproveitam as fragilidades da população para conquistar seu apoio. Eles se utilizam de um discurso sentimental para associar os problemas individuais à corrupção do sistema social, onde determinados grupos econômicos e sociais são caracterizados como exploradores das “pessoas comuns”. Os populistas aproveitam-se de discursos como este para se posicionarem como “heróis nacionais”. E como eles propõem salvar a nação? Através do agigantamento do Estado.

    A população, pouco atenta à armadilha populista, elege esses líderes em troca de um assistencialismo barato. O povo, no entanto, não percebe que ele acaba entrando em um processo autofágico. Enquanto o governo reserva uma pequena fração dos fundos públicos para o auxílio social, o crescimento da burocracia estatal consome praticamente todo o dinheiro público, assim, prejudicando investimentos na economia e obrigando a imposição de um aumento constante de impostos para financiar a balbúrdia dos governantes e seus “amigos”. Em outras palavras, as pessoas renunciam a seu desenvolvimento pessoal para sustentar um Estado parasitário e, como contrapartida, tornam-se reféns dos benefícios sociais.

    Juízos populistas

    Ocasionalmente, quando a economia e a situação política se agravam significativamente, somos capazes, pelo menos parcialmente, de nos livrar dos juízos populistas. Em certos momentos da história recente do Brasil, como nos primeiros anos após a implementação do Plano Real e durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, o Brasil conseguiu progredir com diversas pautas que trouxeram avanços institucionais ao país. Durante o Plano Real, controlamos a inflação. Com Temer e Bolsonaro demos os primeiros passos para liberalizar a economia brasileira, melhorar o ambiente regulatório, controlar os orçamentos públicos, salvaguardar as Estatais da dominação política e garantir a autonomia do Banco Central.

    Contudo, nem sempre o que é preciso ser feito é popular. O governo precisa gastar menos para que a inflação e os juros caíam, o setor privado cresça, e mais investimentos possam ser realizados na economia. Sendo a austeridade uma prática impopular, um povo em situação social já combalida fica tentado a preterir o certo pelo fácil. Assim, o populismo volta à cena e desconstrói todos os avanços institucionais conquistados pelos curtos períodos de governos minimamente sensatos.

    Brasil do futuro

    Ser o país do futuro, ou não ser, eis a questão. A dúvida brasílica é digna de um drama shakespeariano. Nós, brasileiros, precisamos encontrar os caminhos para nos livrarmos da maldição populista e alcançar a posição de um país desenvolvido e protagonista da política internacional. Mas não é preciso reinventar a roda para sermos bem-sucedidos. Se adotarmos as melhores práticas de outros países, alcançaremos o progresso econômico e social. Também devemos trabalhar no ambiente cultural para renovar a mentalidade da população. Apenas com instituições fortes, um governo limitado e um ambiente cultural e educacional elevado transformaremos o Brasil. O Brasil tem jeito? Sim, mas não será fácil. O sucesso do Brasil dependerá muito mais de uma sociedade civil organizada do que de políticos em Brasília.

    Com informações SCC10