
Idosa morre após 20 dias sem luz em SC; ‘não aguentou tanta tristeza’
6 de julho de 2025Morta neste dia 2 de julho, Dona Amélia morava há mais de 60 anos no mesmo local
Uma idosa, de 86 anos, identificada como Amélia dos Passos da Costa, morreu após ficar 20 dias sem luz em Antônio Carlos, na Grande Florianópolis. A filha acusa as Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) de ser ‘perversa’ na conduta de não religar a energia, mesmo com despacho judicial deferindo a religação. Morta neste dia 2 de julho, Dona Amélia morava há mais de 60 anos no mesmo local. Segundo a filha da idosa, Cleuzete da Costa, no dia 10 de junho a energia elétrica da casa da mãe foi desligada, mesmo sem contas em aberto e a rede passando há mais de 30 anos pelo mesmo local. “Ela foi deixada sem luz, sem refrigeração de alimentos, medicamentos e em risco à saúde, agravando a condição física e emocional”, alega a filha. Em busca da religação da energia elétrica, a filha entrou com uma ação na justiça para que a energia fosse restabelecida o mais rápido possível, o que, segundo ela, não aconteceu. “A Celesc descumpriu a ordem judicial, alegando dificuldades técnicas e impedimento de terceiros”, disse. Em nota encaminhada, a defesa de Dona Amélia alega que: “em 2 de julho, a idosa faleceu, em virtude da omissão grave e desrespeito a ordens judiciais, que agravaram o estado de saúde.”
Porque a energia foi desligada?
Por meio de nota, as Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) informou que recebeu um chamado de risco de choque elétrico no dia 10 de junho e que “a interrupção do fornecimento ocorreu em razão de um problema técnico: o rompimento do ramal de carga (fiação entre o medidor e a residência)”. Já em parecer emitido pela Defesa Civil de Antônio Carlos, não haveria necessidade de fazer o desligamento da energia para fazer a manutenção da rede. Porém, segundo a filha e a própria Celesc, um dos principais problemas para a religação da energia elétrica seria um vizinho que não havia autorizado a passagem dos fios de energia elétrica na parte do terreno que lhe corresponde. “Durante tentativa de restabelecimento do serviço, nos dias posteriores, as equipes identificaram que os condutores atravessavam o terreno de um vizinho e este morador, no entanto, não autorizou a passagem da nova fiação, impedindo a religação”, disse a Celesc.
‘Morte desumana’, diz filha
A reportagem, a filha relata a morte da mãe como ‘desumana’. “Ela ficou muito triste por ver suas coisas sendo jogadas fora, não aguentou e se entregou. A morte da minha mãe foi muito desumana, ela não conseguiu ver a rede de energia religada. Com isso o coração dela não aguentou de tanta tristeza”, diz. Ainda por meio de nota, a Celesc lamentou a morte de Amélia e reiteirou que fez o que estava ao alcance da legalidade. Confira a nota na íntegra:
“A unidade consumidora em questão não possuía débitos junto à Celesc. No entanto, a interrupção do fornecimento ocorreu em razão de um problema técnico: o rompimento do ramal de carga (fiação entre o medidor e a residência). A Celesc recebeu chamado de emergência relatando risco de choque elétrico em instalação no dia 10/06/2025. Durante atendimento, equipe eliminou o risco desligando o ramal de carga da unidade consumidora. Durante tentativa de restabelecimento do serviço, nos dias posteriores, as equipes identificaram que os condutores atravessavam o terreno de um vizinho e este morador, no entanto, não autorizou a passagem da nova fiação, impedindo a religação. Em diversas ocasiões, técnicos da Celesc retornaram ao local, mas a negativa do vizinho impossibilitou a conclusão do serviço pela rede antiga. Para resolver a situação, no dia 27 de junho, a Celesc finalizou uma nova rede de distribuição, por outro caminho, lado do terreno da cliente, contornando o impasse. Mesmo após a decisão judicial emitida no sábado (28/06), as equipes foram novamente ao local, mas ainda não havia infraestrutura adequada para possibilitar a ligação pela nova rede, em condições seguras, e nem autorização do vizinho para uso da passagem anterior. A Celesc reitera que sempre buscou uma solução técnica e humana para o caso, mas encontrou limitações que não estavam sob sua governabilidade. A empresa permanece à disposição da família para viabilizar a ligação, assim que as condições mínimas de segurança forem garantidas. A filha disse que prometeu a mãe que lutaria pela religação da energia elétrica. Ao SCC10, Cleuzete disse que continua na residência, mesmo sem energia elétrica.
Com informações SCC10