
Como a mídia internacional noticiou a condenação de Bolsonaro
12 de setembro de 2025Veículos descrevem o julgamento como divisor de águas, mas reforçam críticas ideológicas contra o ex-presidente brasileiro
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de condenar Jair Bolsonaro e outros oitos réus por suposta tentativa de golpe de Estado repercutiu na grande mídia internacional. A cobertura não apenas destacou o caráter histórico do julgamento, mas também reforçou um retrato crítico do ex-presidente. O norte-americano The New York Times classificou o resultado como “um momento crucial em um julgamento de meses que testou a maior democracia da América Latina”. Conforme o veículo, ainda persistem “dúvidas sobre o futuro jurídico e político da figura de direita mais poderosa do Brasil”. A publicação acrescentou que a condenação pode gerar retaliações dos Estados Unidos, incluindo sanções a instituições brasileiras. Por sua vez, a revista britânica The Economist afirmou que a sentença representa um marco histórico no Brasil. O texto recorda os golpes que marcaram o país desde a Independência e associa Bolsonaro ao regime militar de 1964, chamando-o de defensor da ditadura. O veículo também ressaltou a suposta articulação de aliados para “assassinar” o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Alexandre de Moraes. Segundo o jornal, o plano teria fracassado por falta de adesão militar. “Seus aliados elaboraram um plano para assassinar o vencedor, Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido como Lula, seu vice-presidente, e Alexandre de Moraes, o mais proeminente juiz do STF”, escreveu a Economist.
Mídia argentina ressalta “polarização da sociedade brasileira”
Na Argentina, o Clarín destacou a “polarização” do cenário nacional. Para o veículo, a “sociedade brasileira está dividida entre aqueles que consideram o julgamento um exercício de defesa da democracia e aqueles que citam motivações políticas”. Já o britânico The Guardian ponderou sobre a “queda de um presidente acusado de destruição ambiental desenfreada”. Bolsonaro, segundo o jornal, é alvo de acusações pelas “centenas de milhares de mortes por covid e ataques a minorias” durante seu governo. No entanto, o texto admite que a direita permanece ativa no Brasil. O The Guardian também destacou as dúvidas levantadas pelo ministro Luiz Fux quanto à autoridade dos juízes sobre o caso, o que poderia abrir caminho para contestações futuras. O israelense The Times of Israel descreveu o julgamento como um dos mais controversos da história recente do país. “O caso criou uma profunda divisão na sociedade brasileira, entre aqueles, principalmente de esquerda, que o viam como um teste vital para a democracia do país, e aqueles, principalmente de direita, que o viam como um julgamento político de fachada”, escreveu o jornal israelense. Por fim, o The Wall Street Journal (WSJ) mostrou que a condenação de Bolsonaro no STF aprofunda a divisão política no Brasil e abre caminho para possíveis décadas de prisão. O jornal norte-americano ressaltou que, mesmo diante das acusações de conspiração para anular as eleições de 2022, a defesa sustenta que não existem provas de participação direta do ex-presidente em qualquer plano de golpe. “Os advogados de Bolsonaro insistem que não há provas de que ele tenha tentado um golpe”, escreveu o WSJ. “Mesmo que tais discussões tenham ocorrido entre seus aliados, Bolsonaro nunca agiu de acordo com elas e supervisionou uma transição pacífica ao poder no final de 2022, disseram seus advogados.” A publicação também registrou a percepção de que o julgamento expôs o peso crescente do Judiciário na política brasileira. O cenário levou parte da opinião pública e analistas a apontarem sinais de politização no processo.
Com informações Revista Oeste