Frigorífico tem 40 dias para abater 7,5 milhões de aves até suspensão da atividade em SC

Frigorífico tem 40 dias para abater 7,5 milhões de aves até suspensão da atividade em SC

25 de novembro de 2025 Off Por Editor



  • O período deve ser suficiente para o abate do lote de 7,5 milhões de aves que estão alojadas nas granjas dos avicultores

    O frigorífico sediado em Itaiópolis, no Planalto Norte de Santa Catarina, recebeu autorização judicial para retomar, por 40 dias, as atividades do abatedouro. A decisão, emitida pela 2ª Vara Cível da Comarca de Mafra, suspende parcialmente a liminar que havia paralisado o funcionamento da empresa, suspeita de lançar esgoto industrial não tratado no rio São Lourenço. O prazo é considerado suficiente para o abate de um lote de 7,5 milhões de aves alojadas em granjas da região. A Justiça determinou ainda que o frigorífico apresente, em até 15 dias, um plano de ação com alternativas para solucionar de forma definitiva o lançamento de efluentes no curso hídrico. O documento deve detalhar medidas técnicas, prazos e cronograma de implementação. As determinações têm como base manifestação do Instituto do Meio Ambiente (IMA) no processo (Autos n. 5006087-41.2025.8.24.0041).

    Contaminação confirmada e multa milionária

    A suspensão anterior das atividades havia sido concedida após pedido do Ministério Público de Santa Catarina, apoiado em laudo da Polícia Militar Ambiental. A análise identificou intensa proliferação de macrófitas plantas aquáticas associadas ao excesso de nutrientes como nitrogênio e fósforo formando um “tapete verde” sobre a barragem da usina São Lourenço. As investigações comprovaram o despejo de efluentes pelo frigorífico antes da contaminação. A nova decisão prevê multa de R$ 1 milhão para cada laudo técnico que indique ausência de redução nos níveis de poluição. Após os 40 dias autorizados, a suspensão das atividades volta a valer.

    Outras empresas também são responsabilizadas

    Além do frigorífico, a Justiça determinou a suspensão das atividades da empresa responsável pelo aterro sanitário de Mafra, após constatar que o local despejava efluente com teor de nitrogênio amoniacal de 674,52 mg/L mais de 30 vezes acima do limite de 20 mg/L permitido pela legislação. A multa por descumprimento é de R$ 100 mil por laudo. A concessionária responsável pelo reservatório da usina São Lourenço também recebeu ordem judicial: deve retirar mecanicamente toda a planta invasora Salvinia molesta no prazo de 30 dias, sob pena de multa de R$ 100 mil. A espécie, altamente proliferativa, contribui para a eutrofização e compromete a qualidade da água, podendo levar à morte de peixes e outras formas de vida aquática. As empresas envolvidas deverão, ainda, apresentar em 30 dias um plano emergencial de contingência ambiental, com metas, cronograma, registros fotográficos e georreferenciados, além de comprovação de licenças ambientais e avaliação dos parâmetros de fósforo total na entrada e saída das estações de tratamento de efluentes.

    Curtume notificado preventivamente

    Outra empresa investigada é um curtume em fase de instalação às margens da BR-116, que foi notificado a apresentar estudo da capacidade de suporte do corpo hídrico receptor em 30 dias, para adequar o futuro efluente às normas ambientais.

    Fiscalização contínua

    O Instituto do Meio Ambiente e a Polícia Militar Ambiental foram incumbidos de realizar fiscalizações conjuntas e apresentar análises laboratoriais periódicas, a cada 30 dias, para verificar o cumprimento das medidas impostas pela Justiça.

    Histórico

    A contaminação começou a ser investigada no início de agosto, quando o frigorífico deixou de apresentar análises de água solicitadas pela Polícia Militar Ambiental referentes aos pontos de lançamento de resíduos, tanto a montante quanto a jusante do rio. A empresa também não registrou a movimentação de resíduos e foi novamente notificada, em 25 de agosto, a incluir o parâmetro de fósforo total em seu monitoramento. A presença massiva da Salvinia molesta indica elevado grau de poluição e inviabiliza o uso da água por humanos e animais, devido à falta de oxigênio causada pela cobertura vegetal sobre o reservatório.