Município de SC exibe fotos de simpatizantes do nazismo; secretaria responde

Município de SC exibe fotos de simpatizantes do nazismo; secretaria responde

12 de maio de 2023 Off Por Editor



  • A pasta informou que as fotos fazem parte do acervo com registros da história da cidade e que não compactua com o regime nazista

    A Secretaria da Educação, Cultura e Desporto do município de Dona Emma, no Vale do Itajaí, exibe nas paredes fotos que apresentam símbolos do Nazismo, como a suástica, e de simpatizantes de Adolf Hitler, líder do regime. Os registros aparecem em um espaço junto a outras fotografias em preto e branco, emolduradas, que mostram fotos antigas de moradores da cidade.

    A denúncia foi feita pelo repórter Matheus Santino, da Agência Pública, em reportagem publicada nesta sexta-feira (12). Em publicação de 2020, no Facebook, a Prefeitura de Dona Emma falou sobre o mural de fotos. “O material encontra-se exposto a fim de que se possa contar fragmentos da história de Dona Emma. Muitos visitam e deixam sua contribuição quanto ao local e identificação de pessoas que estão nos registros, outros continuam contribuindo com antiguidades para estar sempre aumentando nosso acervo”, escreveu na legenda.

    Nas fotos publicadas pela prefeitura é possível identificar pelo menos uma com o símbolo nazista.

    Este slideshow necessita de JavaScript.

    A reportagem conversou por telefone com a secretária de Educação de Dona Emma, Sonia da Silva, que explicou que a secretaria divide espaço com a biblioteca municipal, que tem um acervo com registros da história da cidade, que inclui as fotos com símbolos do nazismo.

    A secretária fez questão de destacar que “de forma alguma compactuamos com isso [nazismo]”, e que as fotos são apenas registros do passado. Ela ainda comentou que, em reportagens de alguns anos atrás, o município foi colocado como um dos mais pacatos do Estado e com baixos índices de violência, indicando que o passado nazista não teria reflexo atualmente.

    Questionada se pretendem remover as fotografias expostas, a secretária disse que não há a intenção de retirar as fotos, mas que aguardam uma orientação da assessoria jurídica. A secretaria avalia ainda incluir legendas contextualizando o nazismo nas fotos.

    O Nazismo em Santa Catarina

    O nazismo promoveu a segregação e o genocídio de grupos que pertenciam à chamada “raça inferior”, que incluíam judeus, negros, homossexuais, pessoas com doenças, entre outros, principalmente nas décadas de 30 e 40, na Alemanha. Atualmente, novos grupos se reúnem, inclusive no Brasil, para propagar as ideias do regime, o que é crime.

    Em 2020, foi divulgado um mapeamento da pesquisadora Adriana Dias que identificava 334 grupo no Brasil, sendo 69 no Estado catarinense, que ficava atrás apenas de São Paulo.

    Em 2022, um grupo foi preso na Grande Florianópolis em uma reunião de neonazistas que praticava discriminação e incitava a supremacia branca. No começo deste ano, um professor foi afastado por defender Hitler em sala de aula. Além disso, pichações e materiais sobre o nazismo foram investigados pela polícia.

    Pela lei 7716/1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, é proibido “Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”, sob pena de reclusão de dois a cinco anos e multa. A discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional levam a uma pena de um a três anos.

    Mas, um projeto de lei de 2023 visa ampliar a punição para símbolos do nazismo e do fascismo que vão além da suástica, como o número 88, utilizado por movimentos neonazistas europeus para reverenciar Adolf Hitler.