
Lula rejeita encontro com Trump
23 de setembro de 2025Segundo o chanceler Mauro Vieira, reunião do petista com o presidente dos Estados Unidos ocorrerá de forma remota
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, informou, nesta terça-feira, 23, que o esperado encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não deve ocorrer de maneira presencial. De acordo com o chanceler, a justificativa para a reunião ser remota é que o petista “está ocupado, com a agenda muito cheia”. Segundo Vieira, os dois presidentes chegaram a trocar “algumas poucas palavras” durante a 80ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Durante a interação, Trump declarou ter apreciado Lula e afirmou que só faz “negócio” com quem tem afinidade. “Sempre defenderei nossa soberania nacional e os direitos dos cidadãos norte-americanos”, afirmou Trump. “Sinto muito por dizer que o Brasil está fazendo mal e continuará a fazer mal. Eles só podem fazer bem quando estão trabalhando conosco. Sem nós, eles vão falhar, como outros falharão.”
Posicionamento do governo brasileiro
Vieira ressaltou que o governo brasileiro segue disponível para diálogo e negociações, mas frisou que a soberania do país é inegociável. “A questão política é inegociável”, declarou o ministro. “Não há espaço para isso.” “A única coisa que não podemos discutir é a soberania ou a independência dos Poderes do Brasil, como o presidente Lula disse hoje em seu discurso”, acrescentou Vieira.
Trump sugeriu reunião presencial com Lula
Ao falar de Lula durante seu discurso na ONU, Trump afirmou ter tido “uma química excelente” com o petista, a quem descreveu como “um homem muito agradável”. O norte-americano ressaltou que ambos combinaram de se reunir na próxima semana. O presidente dos EUA contou que um primeiro encontro com Lula ocorreu rapidamente, nos corredores da ONU, em Nova York. “Eu estava entrando no plenário quando o líder do Brasil estava saindo”, relatou Trump. “Nós nos vimos, nos abraçamos e concordamos em nos encontrar na semana que vem.” Segundo Trump, a conversa não passou de 20 segundos: “Não tivemos muito tempo, mas ele pareceu um sujeito muito legal”, afirmou. “Ele gostou de mim, e eu gostei dele.” A fala de Trump contrasta com o discurso do petista, que aproveitou o tempo na assembleia da ONU para atacar as medidas do governo dos EUA, as quais classificou como “sanções arbitrárias e intervenções unilaterais”. “Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra as nossas instituições e nossa soberania”, disse Lula. “A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável. Essa ingerência em assuntos internos contam com o auxílio de uma extrema direita subserviente e saudosa de antigas hegemonias. Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade.” Na continuidade de sua fala, Lula fez referência às sanções econômicas dos EUA a produtos brasileiros. Além disso, condenou medidas da Lei Magnitsky e vetos de vistos de autoridades brasileiras. Segundo ele, as ações enfraquecem o multilateralismo e as democracias globais. “Atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando regra”, afirmou o petista. “Existe um paralelo entre a crise do multilateralismo e a crise da democracia.”
Com informações Revista Oeste