Fraude no INSS: entidades tentaram incluir mortos em descontos

Fraude no INSS: entidades tentaram incluir mortos em descontos

13 de outubro de 2025 Off Por Editor



  • Entre as 38 instituições autorizados a debitar valores, pelo menos 31 tentaram cadastrar falecidos nas listas de filiados

    Mais de 204 mil solicitações para descontos associativos em benefícios de pessoas já falecidas foram registradas por entidades de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), segundo análise feita pelo portal Metrópoles com base em documentos da Controladoria-Geral da União (CGU). O levantamento mostra que organizações apresentaram documentos falsificados ao INSS, com o objetivo de aumentar artificialmente o número de associados e ampliar receitas indevidas por meio dos descontos em folha, prática já indagada na Justiça por milhares de segurados. Entre as 38 entidades autorizadas a realizar descontos, pelo menos 31 tentaram incluir pessoas mortas nas listas de filiados. Entre elas estão a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares, a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais e a Associação de Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos, que figuram entre as maiores do país em quantidade de associados.

    Entidades envolvidas e métodos utilizados para a fraude no INSS

    A CGU classificou como “absurda” a tentativa de cadastrar descontos para beneficiários já falecidos, destacando que isso representa “forte indicativo de falsificação material de documentos, uma vez que é juridicamente impossível a manifestação de vontade por pessoa já falecida”. A Controladoria-Geral da União explicou que a inclusão de um novo desconto associativo vai além de preencher e enviar uma ficha ao INSS. “É preciso contatar os aposentados, convencê-los a se filiar, reunir a documentação exigida e, só então, preencher as fichas de filiação e encaminhá-las ao INSS”, informou o órgão. Em complemento, o órgão ressaltou que a inserção dos dados de pessoas mortas nos sistemas do INSS, com o intuito de viabilizar descontos em folha de pagamento, “revela irregularidade grave e demonstra a total inidoneidade da documentação apresentada”.

    Entidade fez cadastro de homem morto há mais de 20 anos

    Segundo a CGU, os descontos só não foram efetivados porque os benefícios se encontravam inativos devido à morte dos titulares. “Em outras palavras, a consumação ocorreu por motivos alheios à vontade da entidade”, tratou o órgão. A Associação dos Aposentados do Brasil aparece entre as instituições com maior número de solicitações indevidas, tendo pedido inclusão de descontos em mais de 27 mil casos que envolvem beneficiários já falecidos. Um dos óbitos identificados aconteceu há mais de 20 anos: Jaime dos Santos morreu em 25 de outubro de 2002, aos 46 anos, mas ainda assim teve cadastro solicitado em março de 2024. A arrecadação das entidades com descontos em benefícios de aposentados alcançou R$ 2 bilhões em um ano, mesmo sob investigação e processos judiciais por fraude nas filiações.

    Com informações Revista Oeste