STF anula leis municipais que proibiam ensino de ideologia de gênero em escolas

STF anula leis municipais que proibiam ensino de ideologia de gênero em escolas

16 de outubro de 2025 Off Por Editor



  • Alexandre de Moraes, ao analisar o caso, comparou as leis municipais ao ‘período da Inquisição’

    Decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF), ontem quarta-feira, 15, anulou leis municipais de Tubarão (SC), Petrolina (PE) e Garanhuns (PE) que restringiam o ensino de temas ligados a ideologia de gênero em escolas. O tribunal entendeu que tais legislações violavam a competência exclusiva da União e promoviam discriminação. O caso chegou à Suprema Corte por meio das Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPFs) 466 e 522. A ADPF 522 foi apresentada pelo Psol contra normas das cidades de Pernambuco, enquanto a Procuradoria-Geral da República contestou a legislação do município catarinense na ADPF 466.

    Desdobramentos do julgamento e votos dos ministros do STF

    O julgamento começou no plenário virtual, mas foi transferido para o presencial depois de pedido do ministro Nunes Marques. O Supremo manteve os votos dos ministros aposentados Rosa Weber e Marco Aurélio, relatores das ações, e ambos votaram pela inconstitucionalidade das regras. Nunes Marques concordou com a maioria, mas destacou que o ensino sobre gênero não deveria ocorrer na educação infantil. “Preservar a infância não é conservadorismo”, opinou. “É reconhecer que toda liberdade genuína nasce da maturidade e que apressar esse processo significa limitar a liberdade futura do adulto que essa criança se tornará.” Durante as discussões, o ministro Flávio Dino ressaltou a importância de considerar as mudanças sociais e alertou para riscos de “hipersexualização e adultização de crianças”. Dino ressaltou que o combate à discriminação precisa respeitar etapas e faixas etárias. Cristiano Zanin enfatizou que os livros das bibliotecas escolares devem ser adequados à idade dos alunos. Já o presidente do STF, Edson Fachin, afirmou que garantir um ambiente plural nas escolas é papel do Estado, com respeito às liberdades de expressão e ao ensino.

    Críticas a leis e discursos discriminatórios

    Alexandre de Moraes, ao analisar o caso, comparou as leis municipais ao “período da Inquisição”. O ministro observou que há quem defenda liberdade total nas redes, mas tente barrar discussões relevantes nas escolas. “A liberdade de expressão para essas pessoas existe para o discurso de ódio contra a população LGBT nas redes sociais”, disse Moraes. “Só que não existe a liberdade de expressão e a liberdade de ensino nas escolas para o antídoto a esse discurso de ódio.” Ainda conforme o ministro, não se pode ocultar das crianças a existência de pessoas trans, travestis e diferentes identidades de gênero.

    Com informações Revista Oeste