Mano Dal Piva deixa cargo de vice de futebol da Chapecoense

Mano Dal Piva deixa cargo de vice de futebol da Chapecoense

11 de agosto de 2021 Off Por Editor



  • Dirigente deixa clube catarinense a pedido do presidente Gilson Sbeghen.

    Mano Dal Piva não é mais o vice-presidente de futebol da Chapecoense. O dirigente renunciou ao cargo na manhã desta quarta-feira (11), a pedido do presidente Gilson Sbeghen, e deixou uma carta aberta aos torcedores do Verdão do Oeste.

    No documento, ele afirma que alertou a diretoria alviverde sobre as dificuldades de contratar reforços depois do início do Campeonato Brasileiro. Além disso, falou sobre interferência política no clube.

    No cargo, Mano Dal Piva conquistou o título da Série B na temporada passada, além do acesso à primeira divisão. Em 2021, a Chapecoense foi finalista estadual novamente, mas perdeu a decisão para o Avaí. O time ainda não venceu na Série A e amarga a última colocação.

    A Chape se pronunciou sobre a saída em nota, agradeceu os anos de parceria e destacou as conquistas do profissional no clube.

    Confira a carta aberta aos torcedores:

    Ao torcedor da Chapecoense,

    Sou sócio da Associação Chapecoense de Futebol desde 2009 e, em seguida, me tornei conselheiro do clube. Comecei apoiando as categorias de base e depois me tornei diretor da categoria de Base, a qual comandei entre 2013 e 2018.

    Com esse trabalho, recebemos, em 2017, o selo de Clube-Formador pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o que garante a Chapecoense como uma das instituições certificadas a formar atletas de futebol no Brasil.

    Muito me orgulha ter integrado a diretoria de Sandro Pallaoro e com ele ter trabalhado no primeiro acesso à série A do Campeonato Brasileiro em 2014. Após a tragédia com a Chapecoense, no fim de 2016, me guiei pelo aprendizado daquele trabalho e a responsabilidade com aquele legado. No fim de 2018, disputei a presidência do clube junto com uma chapa de oposição à gestão da época. Nosso grupo não confiava mais naquela Diretoria, que comprovadamente não cuidava das finanças do clube.

    Perdi a eleição no fim de 2018 e voltei a ser um torcedor. O tempo passou. Em novembro de 2019, após a renúncia do presidente Plínio Arlindo de Nês Filho e outros integrantes da então Diretoria, fui convidado pelo presidente Paulo Magro a voltar para a Chapecoense.

    O objetivo de Paulo Magro era sanear as finanças do clube e evitar mais uma queda de divisão do futebol para a série C. A nossa grande meta era a permanência na série B. Resolvi então aceitar o desafio de ser Vice-Presidente de Futebol da Chapecoense.

    Começamos com muita dificuldade devido às dívidas do clube. Fizemos diversas negociações, reformulamos o plantel de jogadores e investimos novamente no uso dos jogadores da categoria de Base. Inclusive, repatriamos atletas nossos que estavam fora. Convidei o Neto para integrar o Departamento de Futebol e contratamos o analista de mercado André Martins para ajudar o trabalho.

    É importante lembrar que nenhuma decisão foi tomada exclusivamente por este vice-presidente. Todas as decisões foram tomadas de modo colegiado, com aval da atual Diretoria. Seja por unanimidade ou por maioria.

    Ao longo do ano passado, esta gestão nos levou ao título do Campeonato Catarinense de 2020 e ao título inédito de Campeão Brasileiro da série B, conquistado em janeiro deste ano. Vitórias do nosso corpo de atletas, comissão técnica, Departamento de Futebol, Diretoria, funcionários e colaboradores da Chapecoense, além dos valiosos patrocinadores.

    Mas também uma conquista do trabalho desse vice-presidente de Futebol que também acumulava a função de Diretor de Futebol para economizar os custos para o clube. Um dos momentos mais decisivos da minha atuação foi quando conseguimos manter o técnico Humberto Louzer, em outubro do ano passado, frente a proposta do Cruzeiro. A sequência do trabalho culminou no título da série B.

    Desde janeiro de 2021, porém, faltou o apoio para realizar o trabalho necessário de nova reformulação de plantel de jogadores. O elenco que venceu a série B se valorizou e, a maioria, não pode ser mantido pela Chapecoense devido às condições financeiras do clube.

    O desafio colocado para disputar com competitividade a elite do futebol brasileiro, a série A, é bastante superior ao campeonato da série B. O fator financeiro foi e está sendo decisivo no caso da Chapecoense. Não contratamos jogadores de peso no início da temporada porque o orçamento era limitado para evitar mais endividamento. A decisão da Diretoria, por maioria, foi no sentido de postergar o investimento nas contratações para o início do Campeonato Brasileiro de 2021.

    A decisão foi tomada apesar do meu frequente alerta à Diretoria da Chapecoense de que a maioria dos atletas já estariam, depois, empregados em outros clubes quando o aumento do orçamento fosse finalmente liberado. Desse modo, alertei que iríamos correr o risco de não encontrarmos os atletas necessários para o devido equilíbrio do elenco. Mesmo assim, a decisão da Diretoria da Chapecoense, por maioria, foi por seguir dessa forma.

    Os resultados ruins e as consequências dessa decisão chegaram no Campeonato Brasileiro. O Departamento de Futebol ficou refém do orçamento em 2021 e não conseguiu fazer as contratações que precisava. Esse talvez tenha sido o maior erro de todo o período.

    Além das dificuldades financeiras, a gestão do clube também passou a ter interferência externa e política, o que não é o correto. O próprio estatuto impede isso. A Chapecoense não tem dono. Ela pertence a toda torcida. Todos os torcedores.

    Sempre fui um torcedor da Chapecoense e, por isso, trabalhei voluntariamente por 8 anos sem receber remuneração alguma pela função. Sou empresário e abdiquei da liderança das minhas atividades na minha própria empresa, que ficou aos cuidados da minha família, para que eu pudesse exercer o trabalho na Chapecoense. O que fiz com prazer.

    Desse modo, estou devolvendo o cargo de Vice-Presidente de Futebol, a pedido do presidente Gilson Sbeghen. Deixo meus votos para que o clube possa superar este momento difícil e me desculpo com o torcedor por não termos conseguido repetir os resultados de 2020. Eu assumo a minha responsabilidade com as minhas qualidades e meus defeitos. Dei tudo de mim para que a Chapecoense voltasse a ter o lugar que ela merece junto à elite do futebol brasileiro, a série A. Seguirei como sempre fui: um torcedor.

    Mano Dal Piva

    Chapecó, 11 de agosto de 2021.

    Confira a nota do clube sobre a saída de Dal Piva

    A Associação Chapecoense de Futebol recebeu, nesta quarta-feira (11), durante Reunião do Conselho de Administração e dirigentes do Conselho Deliberativo, o comunicado de renúncia do Vice-Presidente de Futebol, Cezar Antonio Dal Piva. O ato foi oficializado através de uma carta entregue por Mano Dal Piva aos diretores da agremiação alviverde.

    Durante anos de trabalhos prestados à Chapecoense, Mano passou pelo Departamento de Futebol das Categorias de Base – contribuindo para a melhor estruturação do setor – e, mais recentemente, pelo Departamento de Futebol Profissional. A frente do carro chefe do clube, ele levou a Chape à conquista do seu sétimo título catarinense, ao acesso à Série A do Campeonato Brasileiro e, também, ao título da competição – a primeira conquista nacional do time.

    Por toda a dedicação, bem como pelas conquistas que ficarão marcadas na história da agremiação, o clube – em nome de toda a sua diretoria e colaboradores – reitera os seus agradecimentos.

    Com informações GE Esportes