Com homenagens e sobreviventes em campo, Chape dedica taça aos “anjos e guerreiros”

Com homenagens e sobreviventes em campo, Chape dedica taça aos “anjos e guerreiros”

8 de maio de 2017 Off Por Chapecó



  • Atmosfera da conquista do Catarinense do Verdão do Oeste tem lembrança às vítimas do acidente aéreo e quase maior público da história da Arena Condá.

    A festa foi completa: pouco mais de cinco meses após o acidente com 71 vítimas no avião na Colômbia, a Chapecoense comemorou sua primeira conquista. Com direito a homenagens aos jornalistas mortos na tragédia antes da bola rolar, às famílias e aos jogadores, o título foi dedicado quase que unanimamente aos que se foram. Ao garantir o título mesmo com a derrota em casa, uma camiseta com a foto de todos os funcionários da Chape, entre as vítimas, fez parte da comemoração com os dizeres “eternos campeões”.

    – Importante título, a cidade merecia, o clube, por tudo o que aconteceu. Essa vitória aqui é para os guerreiros que estão lá em cima olhando pela gente – disse Alan Ruschel, após o apito final.

    – É (dedicado) para aqueles anjos que estão nos abençoando sempre. É para os guerreiros – completou Follmann.

    As homenagens começaram antes mesmo de a bola rolar. Uma placa em memória dos 13 jornalistas catarinenses mortos na tragédia de 29/11 foi posta na sala de imprensa da Arena Condá.

    A família do Presidente Sandro Pallaoro também foi homenageada, mas pela Associação de Clubes de Santa Catarina – entidade que presidia na época do acidente. O ambiente no momento da cerimônia foi de profunda comoção e emoção. Os familiares presentes e muitos colegas jornalistas, não contiveram as lágrimas.

    A emoção esteve no gramado duarante os mais de 90 minutos de bola rolando: o Avaí saiu na frente ainda no primeiro tempo e ficou a um gol de tirar o título do Verdão. O time da capital teve chances, a melhor delas com o capitão Marquinhos, mas a falta de pontaria do rival e uma defesa importante de Artur Moraes mantiveram a taça em Chapecó. O primeiro bicampeonato na história da Chapecoense.

    Após o apito final, a comemoração tomou conta do estádio. Em meio à festa, muitas lágrimas nos rostos de jogadores, e principalmente, dirigentes. Vestindo uma camisa em homenagem aos mortos na tragédia da Colômbia, os gritos se misturavam com a emoção da saudade.
    – Esse título é uma pequena homenagem aos nossos amigos – disse o lateral Apodi.

    – Os atletas que foram contratados esse ano sabiam que teriam uma dificuldade imensa. Temos que honrar essa camisa e o que eles, aqueles que nos deixaram, fizeram. Temos que continuar honrando isso – disse Nathan, à rádio Super Conda.

    Mesmo com o clima de emoção no gramado, alguns jogadores aproveitaram o momento para se divertir. Arthur e João Pedro exibiram uma faixa com a mensagem “Partiu Fields”, em alusão à uma suposta ida dos jogadores alviverdes a uma casa de shows da capital, após a vitória em cima do Avaí no jogo de ida. Reinaldo também era um dos mais animados. O “King” por diversas vezes foi o maestro da festa, com seu jeito engraçado e as características brincadeiras feitas também nos treinamentos.

    No discurso de quem dividiu o amor pela Chape, a emoção também esteve presente. Com os olhos cheios d’água, o presidente do Verdão, Plínio David de Nes Filho, o Maninho, destacou o peso do título diante de um adversário que elevou a conquista.

    – Não é um dever cumprido, é um trabalho realizado buscando um objetivo. Cabe ressaltar e agradecer muito a presença de um time tradicional de Santa Catarina, que soube nos dar a taça com muito orgulho, porque foram briosos, lutadores, repetiram o resultado, mas tínhamos a vantagem. Eles fizeram por merecer esse vitória aqui – afirmou o mandatário.

    As arquibancadas também fizeram questão de unir-se à conquista. A Arena Condá quase registrou o maior público de sua história. Os 19.141 presentes ficaram a 34 da marca histórica, atingida em duelo com o Grêmio, pelo Brasileirão de 2014.

    – Eu gostaria de agradecer a minha torcida, que tem comparecido nesses últimos quatro meses com frequência muita ativa, sendo o 12º jogador, demonstrando que é uma torcida que torce, mas não agride, dá tranquilidade a todos seguranças – completou Maninho.

    A Chapecoense nem teve muito tempo para comemorar o título. Não teve caminhão de bombeiros, nem saída de técnicos e jogadores carregados nos braços da torcida. Curiosamente, o motivo da pouca comemoração é a viagem para Medellín, para o confronto contra o Atlético Nacional, na Recopa. Os “novos campeões”, agora refazem o caminho dos “eternos campeões”, e levam na bagagem um título em suas homenagens.

    Fonte: G1