Em nova operação contra fraudes no INSS, PF faz busca no sindicato do irmão de Lula

Em nova operação contra fraudes no INSS, PF faz busca no sindicato do irmão de Lula

10 de outubro de 2025 Off Por Editor



  • Frei Chico, vice-presidente do Sindnapi, não é investigado; ação cumpre 66 mandados em 7 Estados e no DF

    A Polícia Federal (PF) cumpriu, ontem quinta-feira, 9, mandados de busca e apreensão no Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), em São Paulo. O vice-presidente da entidade é José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ação faz parte da Operação Sem Desconto, que apura fraudes em descontos de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo a PF, Frei Chico não é alvo da investigação. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, durante a ação, agentes entraram na sala de trabalho de Frei Chico no Sindnapi. Eles recolheram documentos e equipamentos, mas não mexeram em seus pertences. Ao portal UOL, Frei Chico disse ter sido informado da operação por jornalistas. “Sem comentários, se a polícia quiser vir aqui investigar, pode vir”, afirmou. “Não tenho nada o que comentar.” Ele classificou as buscas como “absurdas”. Os agentes também estiveram na casa do presidente do Sindnapi, Milton Baptista de Souza Filho, e nas residências de outros diretores. A defesa da entidade afirmou ter recebido a operação “com surpresa” e disse que comprovará a “lisura e a legalidade da atuação” do sindicato.

    PF cumpre 66 mandados em sete Estados e no DF

    Os advogados informaram que ainda não tiveram acesso ao inquérito nem à decisão do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou as buscas. “Reiteramos repúdio e indignação com quaisquer alegações de delitos em nossa administração”, afirmou a direção do Sindnapi, em nota. A operação ocorre em São Paulo, Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Pernambuco, Bahia e no Distrito Federal. A PF informou que o objetivo é aprofundar as apurações sobre inserção de dados falsos em sistemas oficiais, formação de organização criminosa e ocultação patrimonial. O porta-voz do Sindnapi, Marco Piva, declarou que o sindicato “está muito tranquilo em relação a esse processo” e destacou seus “25 anos de serviços prestados a aposentados e pensionistas”. O presidente do sindicato, Milton Baptista, deve prestar depoimento, nesta quinta-feira, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura fraudes no INSS. No entanto, ele tem habeas corpus do ministro do STF Flávio Dino para não ser preso e poder permanecer em silêncio. O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou que Frei Chico só será investigado se houver indícios de ligação ilícita, o que não ocorreu até o momento. Segundo ele, as apurações estão avançadas, e novas operações da PF devem ocorrer.

    Sindicato de Frei Chico está fora do “núcleo do esquema” do INSS

    O Sindnapi está na lista de investigados, mas ficou fora do grupo das 12 entidades que a Advocacia-Geral da União (AGU) considera o “núcleo do esquema”. Nessa ação, a AGU pede o bloqueio de R$ 2,5 bilhões. Segundo o Tribunal de Contas da União, o número de associados do Sindnapi subiu de 237,7 mil em 2021 para 366,2 mil em 2023. Em fevereiro deste ano, a entidade foi responsável por mais de de 207 mil descontos. As investigações começaram em abril e já identificaram suspeitos como Antônio Carlos Camilo, conhecido como “Careca do INSS”, e o empresário Maurício Camisotti. Eles são apontados como articuladores do esquema. No entanto, ambos negam envolvimento.