Ex-executivo da Odebrecht que delatou Aécio Neves é achado morto no Rio

Ex-executivo da Odebrecht que delatou Aécio Neves é achado morto no Rio

18 de setembro de 2019 Off Por Editor



  • Corpo de Henrique Valladares foi encontrado em seu apartamento no Leblon; morte foi registrada como ‘causa indeterminada’ e será investigada pela polícia.

    A Polícia do Rio investiga a morte do ex-presidente da Odebrecht Energia Henrique Serrano do Prado Valladares, delator da Operação Lava Jato que revelou supostas propinas para o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) e para o ex-senador Edison Lobão (MDB-MA), ex-ministro dos governos Lula e Dilma. O registro oficial da 14ª Delegacia, no Leblon, aponta “causa indeterminada”. O corpo foi encontrado na terça-feira 17 no apartamento onde o delator morava. A polícia abriu uma guia de remoção para que os Bombeiros levassem o corpo ao Instituto Médico Legal (IML).

    As primeiras investigações indicam que não havia sinais de arrombamento no apartamento, nem evidências de luta. O corpo já passou por necropsia e foi liberado para a família. Valladares foi apontado por outros delatores da empreiteira como um dos negociadores de 30 milhões de reais de propina para Aécio atuar a favor dos projetos do Rio Madeira (Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia) e, assim, atender interesses da empreiteira e também da Andrade Gutierrez.

    Valladares contou que a empreiteira pagava prestações de 1 milhão a 2 milhões de reais, repassados pelo Setor de Operações Estruturadas, o departamento de propinas do grupo, para “Mineirinho”, codinome atribuído a Aécio. O delator também dedicou parte de suas revelações a Lobão, ou “Esquálido”, como o ex-ministro e ex-senador era rotulado nas planilhas de propinas da empreiteira.

    Segundo Valladares, o ex-ministro recebeu 5,5 milhões de reais para rever o leilão da usina de Jirau e a Odebrecht assumisse o empreendimento. O delator contou que “Esquálido” teria cobrado uma “contrapartida” após reunião com os executivos da empreiteira. “Ele sinalizava que iria nos ajudar. E que precisava de nossa ajuda, de propina”, declarou Valladares.

    Segundo Valladares, o então presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, “acreditou nisso”. “Sem que ele (Lobão) entregasse nada, simplesmente para que ele fizesse um esforço de, usando nossos argumentos, que eram verdadeiros e absolutamente legais, ele criasse um contraponto na Casa Civil, para isso surgiu um pagamento de 5,5 milhões de reais. Com certeza, caixa 2”, afirmou o delator. O pagamento da propina, relatou Valladares, foi feito em algumas ocasiões, com entrega de dinheiro diretamente na casa do filho de Lobão, Márcio Lobão, no Rio.

    O ex-presidente da Odebrecht Energia disse, ainda, que em encontros em São Paulo, Lobão Filho falava que podia “ajudar a Odebrecht em obras, mas que isso exigia contrapartidas da empreiteira”. Em suas reuniões com o ministro Lobão em Brasília, Valladares disse que era recebido no gabinete com gaspacho, uma tradicional sopa espanhola. “Ele é magro que nem um palito, e se alimenta a base de gaspacho”, disse Valadares. Depois de acertar os pedidos e propinas, disse o delator, Lobão pedia para que o “fiscal” entrasse no gabinete, para registrar os temas e discussões feitas durante o encontro.

    Defesas

    Tanto o deputado Aécio Neves quanto o ex-ministro Edison Lobão sempre negaram enfaticamente a prática de ilícitos e o recebimento de propinas da Odebrecht.

    Com informações VEJA